Quando você não tiver mais nada para fazer, passa lá em casa. A gente
junta as escovas de dente e isso não precisa significar nada demais. Eu
sou uma dessas mulheres-folhetim do Chico, meu bem. Só digo sim. O seu
trabalho é me manter interessada e ser mais seu do que meu. Eu posso ser
seu rito de passagem, mas nunca vou poder ser o seu título perfeito. A
mulher da sua vida.
Você correria o risco de ter seu crachá jogado no lixo, ou de
desacreditar em segundos e terceiros amores. Não, eu não quero deixar
que você se perca comigo e não perca o fôlego com outras. Nem quero que
você se atreva a chorar copiosamente e escancarar portas de bares por
minha causa. Outras virão. Outros verões também. E eu prefiro que você
me identifique de outras formas e que me aproveite nas curvas, nas
chuvas e nos momentos trôpegos do sexo. Se não quiser, eu te levo até o
altar e te entrego de bandeja. Eu posso usar as suas camisas todas e
deixá-las com cheiro de suor e perfume amadeirado. Eu posso até ser a
sua mulher. Mas dispenso as credenciais.
Daniel Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário