“Você não infecta mais a minha tranquilidade.
Meus
anticorpos, as recordações daqueles meses,
abortando
suas aproximações impulsivas e vazias.
Boa
notícia. Achei que morreria de você.
Não tem mais febre no rosto, quando você chega.
Não tem mas arritmia,
quando você fala comigo as mesmas palavras;
o mesmo discurso; a mesma
mentira; o mesmo eu, eu, eu.
Não tem mais pontos frouxos do coração
esgarçados pelo som da sua voz turista.
Não tem mais tentativa de
anestesiar o desconforto com embriaguez crônica
e muita mão no copo ou
no bolso ou no cigarro que tentei fumar;
e luz fraca, para que você não
radiografasse meu amor hemorrágico.
Não tem mais o seu sorriso
contaminando as minhas decisões.
O silêncio que você me receitava era dor aguda,
menstruando em todas
as linhas que um dia escrevi.
Sua indiferença intoxicava a minha cabeça
com qualquer poltrona vazia no cinema,
qualquer beijo público que eu era
obrigada a suportar,
qualquer copo da cerveja mais vagabunda,
que você
enxertava como sua única necessidade.
Aos romances sufocados pela vaidade de alguém,
aos corações em estado
de choque,
aos relacionamentos natimortos:
meu coração cicatrizado (mas
com queloide).”
Priscila Nicolielo, colunista do Casal sem vergonha
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