E hoje eu chamei seu nome outra vez, como há muito
tempo não fazia. E foi engraçado como soou estranho, e me lembrou outra
pessoa… E essa outra pessoa sim eu tenho chamado sempre, tenho cuidado,
cultivado, regado, na esperança de que ela vá crescer, assim como fiz
com você um dia. E eu te reguei tanto que no fim você se afogou ou sei
lá. Eu sei que você se foi, correndo, fugido, e eu continuei aqui
juntando as migalhas do amor que eu supostamente recebi de você e
esperando a sua volta como se ela fosse possível. E sabe? Esse texto não
é seu, porque faz tempo eu jurei que você não merecia mais tanta
palavra bonita. Esse texto é meu, são as chaves do quarto onde você me
prendeu por tanto tempo, e eu as estou jogando pela janela. E eu to
livre, há tanto outro tempo. Só estava guardando as chaves pra quando
você quisesse me prender outra vez, me sufocar de indiferença. E eu
acabei decidindo que não quero mais, que não quero voltar. É que eu
prefiro esse quarto aberto, arejado e com cheiro de fruta fresca, esse
com janelas e portas escancaradas e que me deixam sair quando eu bem
entender. E sabe qual é a diferença? É que desse quarto eu não quero
sair!
Maria Eliza Melo Zacarias.
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