"Seria
bacana se a gente pudesse dissolver a ilusão de que para sermos amados
temos que ser outros que não nos habitam. Outros que não somos. Outros
que, no fundo, não podemos ser, mas também não precisamos. Ter outras
caras. Outros corpos. Outros gostos. Outros sonhos. Outros jeitos. É
inútil qualquer esforço de tentar caber onde o nosso coração não está.
Onde ele não pode nadar livremente, no tempo e no ritmo das próprias
braçadas, aproveitando, feliz, o contato com a vida. Há um desperdício imenso de energia nessa história. É
tenso demais viver para agradar, em troca de pertencimento,
reconhecimento, alguma afeição. Maquiar as emoções, boicotar a própria
essência, trocar a luz natural por luminárias artificiais, bolar planos
fantásticos para chegar ao coração de quem quer que seja. Cansa, só de imaginar.
Além de inútil, é perigoso. Perigoso porque dói, [...] É trabalhoso demais tentar ser o que não se é. Exaustivo. Drenagem pura. E,
no fim das contas, o que buscam essas pessoas que queremos que nos
amem? Procuram por nós ou pelas pessoas que tentamos parecer? Por nós ou
pelas pessoas que querem que sejamos? Se não for por nós, não tem
importância alguma. A leveza escoa, assustada, ralo afora. Se não for
por nós, não é de verdade.
De vez em quando nós lembramos para, em geral, esquecer outra vez pouco depois: o amor não pede esforço. O amor acontece. [...]"
ps: vi no lindo blog http://pequenasepifaniaseoutrosdevaneios.blogspot.com.br/ e não resisti copiar o texto...
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