"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura." Charles Bukowski

quarta-feira, outubro 24, 2012

De cego para invisível

 
 
Agora me lembro, o meu ex acordou falando de uma mancha no meu rosto, que ele começava a reparar. Uma mancha que eu tenho há anos. Eu ganhava defeitos de alguém que não os enxergava. Meu ex abria os olhos. Será que foi esse o sinal?

Quando você se apaixona, os defeitos da pessoa evaporam. Amamos cegamente gente chata, mentirosa, grosseira, prepotente, egocêntrica. Além de cego, nomeei o amor de burro, surdo, tolerante, paciente e, principalmente, ingênuo.

Infelizmente, não existe cirurgia pra quem sofre de cegueira a dois. Como vamos remediar algo que nem notamos?

As consequências da ingenuidade do amor machucam, mas não aconselho ninguém a evitá-lo. A frase “que seja infinito enquanto dure” de Vinícius de Moraes só faz sentido nesse momento. A sensação de que a vida pode ser sufocada de felicidade, presentinhos e mensagens em dias e horários insignificantes, tudo que faça os olhos sorrirem; isso paga as dúvidas que ficam quando o relacionamento escapa.

Mas um dia, é claro, amor pode evoluir de cego a invisível.

Texto da Priscila Nicolielo, editado por Desiludindo S/A

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