"As coisas iam bem sem você. A paleta de cores das minhas escalas eram
as mesmas e as minhas convicções mundanas continuavam firmes e fortes. A
minha atmosfera era inofensiva, mas você tinha que me fazer colidir com
alguma parte de você e desestabilizar o meu alinhamento. Faltou
oxigênio. E a gravidade da situação era alta demais pra chegar perto de
zero. Mesmo assim, eu flutuei. Fiquei sem os dois pés no chão e acho bem
que você nunca reparou nisso. Sem você eu faria o mesmo movimento
cotidiano de rotação sem me importar em virar de costas e esbarrar por
acaso nos seus motivos. Eu acendi uma vela pra Deus e outra pro Diabo,
vivendo num paraíso infernal que é a sua presença faltosa.
Despretensiosamente provocante. Insistentemente desleixada. Cheia de
deixa pra lá, mas vem aqui.
A minha vida seria melhor sem você. Mas, sem você, o que é que me sobra?"
Daniel Bovolento
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