Nem sempre amamos de cara, no primeiro olhar, naquele impacto da
apresentação formal. É possível brotar um sentimento logo no primeiro
encontro, mas o melhor mesmo é quando vai acontecendo aos poucos e a
gente nem percebe. Desse jeito, o amor chega para ficar.
Em
alguns casos, aquele encantamento inicial nos surpreende de tal forma,
que temos a certeza de que algo diferente vai acontecer. Temos quase
convicção de que encontramos alguém especial e que tudo vai se modificar
a partir de então. Nem sempre. Muitas vezes esse assombro no peito
causa um furor efêmero. Vai embora como chegou. Coisas que a alma da
gente não explica. Sintonia instantânea, afinidade relâmpago, atração
exclusiva para aquele momento.
Amar no segundo ato significa
apaixonar-se após conhecer, perceber as nuances da personalidade alheia
durante a rotina, encantar-se pelo mau humor dela numa manhã de
terça-feira. Não sentimos como começa, pois o sentimento entra no peito
sem bater. Aos poucos, aquela voz vai agradando mais aos ouvidos, o
perfume se torna facilmente reconhecido, a ausência é mais percebida.
Não notamos quando, nem como essa sensação se aproxima, mas sabemos
exatamente o momento em que não podemos mais negar.
Amor à
primeira vista é um impulso do coração. Sem raciocinar, se entrega com a
cumplicidade dos olhos. Acredita na capacidade do corpo encontrar
alguém que lhe satisfaça. Amar depois é conhecer cada detalhe e, ainda
assim, querer descobrir mais daquela pessoa. Sentimento maduro, que
resiste aos percalços e às dificuldades do dia a dia. Amor vira sinônimo
de tolerância e compreensão. Felicidade rima com estabilidade.
Amor
à segunda vista nos faz enxergar melhor a vida, cria uma resistência
muito maior para os problemas rotineiros do casal, estabelece uma
fidelidade rara da liberdade para sentir. Esse amor não pressiona, não
exige, não determina. Ele surge, permanece e é mandado apenas pela
vontade. É um amor que existe porque foi construído. Nele reside a
serenidade do diálogo, o sorriso de um bom dia, a paz de um sono
compartilhado. Amor à segunda vista tem mais chances de ser o último. Chances de ser eterno.
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