Não me arrependo do tanto de mim que entreguei a ti, das declarações que te fiz, do amor que despejei em forma de textos, em forma de beijos, em forma de lágrimas.
Não me arrependo dos planos que criei sozinha aqui na minha mente. Me imaginava com você nos mais diversos lugares. Companhia, companheiro. Mas aos poucos fui vendo que existia apenas um lugar na sua vida que me cabia. E isso doeu em mim, lá na alma. Perfurou, dilacerou. Eu sangrei. Ninguém viu.
Não me arrependo de ter lutado por você quando você me pediu para eu desistir. Não me arrependo de ter lhe confiado a minha alma. Eu sempre senti que você valia a pena. Logo eu, que sempre fugia e desistia quando começava a me envolver. Com você eu fiquei. Eu fui além. Me atirei sem temer o precipício. Eu errei. Me quebrei.
Eu costurei meu coração só para poder continuar a te amar. Você não viu mas eu sei que sentiu que o meu sentimento era maior e além do gostar. No fundo, você não queria aceitar que eu te achava magnânimo demais, elevado demais, grandioso demais, diferente dos outros. Eu queria tanto que você se enxergasse da forma como eu te enxergava. Esse foi o meu maior fracasso. Você não queria aceitar o fato de que merecia ser amado. E talvez por isso você tenha quebrado o nosso acordo e me machucado. Assim você me daria motivos para eu sentir por você o que você sente por si mesmo: descrença. E agora é só isso o que sinto. Por você.
Pelo mundo. Pelo tudo. Que hoje é nada.
Você também não viu, quando adormecia ao meu lado, que eu te olhava pedindo muito a Deus para que você não me machucasse um dia. Você não viu. Deus não me ouviu. O mundo não parou quando você jogou por terra tudo que nós éramos ou que eu imaginava que éramos. Somente eu perdi o chão. Me enchi dos sentimentos mais corrosivos que alguém poderia sentir, na tentativa de me desvencilhar. Acho que tudo teria sido mais fácil se você nunca tivesse existido. Mas eu não sei se sua inexistência seria de fato o melhor pra mim.
Eu te expulsei de todas as formas possíveis na esperança de te apagar, mas no fundo, bem lá no fundo, tive esperança de você voltar. Mas você não volta, mas você não volta, mas não volta e eu já nem sei mais como eu consigo me manter aqui de pé, fingindo não ter mais sentimento enquanto na verdade existe um sentimento a me dominar: eu te odeio, eu te odeio por te amar.
Nat Medeiros
https://imaginasenat.wordpress.com/
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