Aí eu tomo um banho bem quente, pra te espantar da minha pele. E canto
bem alto, pra te espantar da minha alma. E escovo minha língua bem
forte, pra separar seu gosto do meu. E quase vomito, pra parir você do
meu fígado. E tento ser prática e parar de suspirar. E tento abrir a
geladeira sem me perguntar o que eu poderia comprar pra te agradar. E
tento me vestir sem carregar a esperança de esbarrar com você por aí. E
tento ouvir uma música sem lembrar que você gosta de se esfregar de lado
em mim. E tento colocar uma simples calcinha e não uma bala perdida
pronta pra acertar você. E tento ser só eu, simplesmente eu, novamente,
sem esse morador pentelho que resolveu acampar em mim. E nada disso
adianta. E o esforço pra não fazer nada disso já é fazer tudo isso.
E eu escrevo um parágrafo e corro pra ver se tem e-mail. E eu escrevo uma linha e corro pra ver se tem mensagem de texto. E eu não escrevo nada e também não corro, apenas deixo você chegar aqui do meu lado, em pensamento. E me pego sorrindo, sozinha. E me pego nem aí para todo o resto.
E eu escrevo um parágrafo e corro pra ver se tem e-mail. E eu escrevo uma linha e corro pra ver se tem mensagem de texto. E eu não escrevo nada e também não corro, apenas deixo você chegar aqui do meu lado, em pensamento. E me pego sorrindo, sozinha. E me pego nem aí para todo o resto.
tati bernardi
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